miércoles, 3 de diciembre de 2014

MARIA ESTELA GUEDES



AMOR INCA

Ouvindo "A Night at the Opera" na arrebatante voz de
Freddie Mercury.
Os Queen vibram aaaalto na rua
Assoprados de um barzito em Copacabana.
Where?! Copa
Cabana, uma vilória afavelada
Nas margens extasiaaaadas do Titicaca.

Duzentos e cinquenta quilómetros
De comprimento,
Noventa de largura,
Trezentos e cinquenta metros de maior profundidade,
Mais além, loooonge, à distância
De uma interminável viagem on the road
Com mulheres de saias pela cabeça
Velhos xamãs quechuas
Trepidando o ônibus jack-jack-jack
Pela estrada empoeirada entre securas savanícolas
E muitas pedras que pastam cabras magras
Tapando as orelhas à lataria automóvel
Nessas estradas mais compridas que Portugal
Estendido entre Galiza e Promontório Sacro.
Ahhhhhrrrffffffff!
Jack-jack-jack
Kero-kero-kerouac.

Algures, no Peru.
Um lago de altitude.
O maior de que existe notícia ou o mais alto
Ou o mais tranquilo
Ou o mais extasiado por ter dormido com Sol e Lua
Esses deuses de maior
Altitude ainda.
Quanto? Não sei, deixa ver: algo à roda dos quatro mil metros
Ou mesmo quatro e meio. O suficiente para
Se respirar a custo
E o coração bater no peito
Feito um velho autocarro a deixar cair as peças
Pela estrada que vai dar a Puno.
Bate jack-jack-jack
Bate Jack-jack-kerouac.


Lago da Tranquilidade devia chamar-se.
Pouco turismo, encanto na pobreza,
A imensidão azul-deserto, sem uma colcha à janela,
Sem uma porta da rua, sem uma criança,
Sem um barco em cima.
Água apenas e lisa como a Bela Adormecida.

Terra de incas, de altares ao Sol e à Lua
No cume de escadórios íngremes de tantos degraus
Quantos os dias do ano
Em ilhas escondidas na câmara ciano-líquido.
Lamas juvenis viram o focinho tenro
Para a objetiva
Enquanto meninos pedem dinheiro aos turistas
Pelas fotografias.

Regatos deslizam entre latidos de ervitas
Pelos degraus abaixo
Em tiquetiques de relógio
E chapechapes de jangadas.

Mal de altura, o fôlego perde-se a cada passo, e então
A subir tantos graus quantos os degraus
Da escada de Jacob, que só no regaço de Deus terminam?

Mastiguemos umas folhas de coca, bebamos chá de coca,
Ilusões que não fornecem oxigénio, apenas tranquilizam
Quem tem fé em elixires mágicos.

Copacabana, a pobreza espreguiçada nas margens
Do luxuoso Titicaca. O imenso lago de altitude
O andino mar interior
Como um suspiro de luzidia alga.

Loja sim, loja não, é uma agência de viagens.
Quatro horas da tarde, passa gente despida e gente vestida,
Reflectindo a amplitude térmica diurna
Despropositada.

De noite, um gelo. De dia, os tropicais abrasões solares.
Por isso as samarras quentes, os ponchos, os gorros
Da meia-noite ao meio-dia
E ao mesmo tempo as havanesas frescas e outras vestimentas
Do meio-dia
Nas tiritantes tardes
A crepitarem nomes de ilhas das Bermudas.

Cabelos lindos os destes incas, negros e lisos,
Negras e lisas noites
Brilhantes e compridas.
E oleosos também. Ou secos e partidos
Mas no olhar cativeiro de imagens
Ficam lágrimas escuras
De fios soltos e enrolados na nuca.
De noite adormecem com ela em sonhos de
Ilha do Sol e Ilha da Lua.

Profundo Titicaca, formoso céu és
Em terra liquefeito.
Tiro-te o boné! E os
Óculos escuros,
Para te ver as cores verdadeiras.

Copacabana, margem boliviana do lago Titicaca.
As mulheres
Carregam cargas à cabeça e filhos às costas
Para vender aos turistas, os homens ficam a ver.
Vai gente civilizada e europeia buscar essas crianças
Morenas
E pequenas
De rostitos precisos e agudos sorrisos
Na cratera dos seus olhos de obsidiana.
É rápida a transação e isenta de burocracia.

O Titicaca, ao fundo da miséria, encantada baía
Com dois ou três
Gansos flutuantes, mas
Nenhum humano se aventura nas águas
Que adivinho cristalinas pedrarias
De tão geladas.
Até onde o olhar avista, é mar azul-tranquilo
O altivo lago.

Passam dois jovens incas
Profusamente abraçados – que quererá isso dizer?
O Mário falou de gatos por e-mail,
Deve ter-se esquecido de um emoticon
Para subtrair os Carnivora à semiótica fauna.

Indaguei e só surgiram à tona da conversa
O já conhecido llama ou vicuña (Camelidae),
Que tem por ofício na ilha da Lua
Deixar-se fotografar com turistas,
E um tigrillo que também é gato,
Mas não abraçado a outro
Pela cintura
Na mais turística rua
Desse quase reles lugarejo
Cujo nome espelha o da outra Copacabana.
Copa-
Cabanas lhes chamaria não fora o material de construção
Mais evidente ser o burro
Isso, o tijolo, o barro, a seca lama.

Outros típicos Felidae apreciamos
Nos cafés a fazerem companhia
A senhoras sós
Como acontece também no comboio que trepa de
Assuão para o Cairo,
Nocturno e generoso em miados egípcios
Tão semelhantes aos venezianos
Em cantadeiras gôndolas.

O amor perde-se e ganha-se nos vários tons de
Azul-tranquilo
Do altaneiro Titicaca.

Assim admiramos europeias com incas
Machos ao lado
Em perfis esculpidos de condor
Nas esplanadas. O contrário ainda não vi.

O ar sem oxigénio é seco.
Abrasa o calor mas não se transpira.
Trespassam-nos os olhares de índias com nariz de rochedo
Na sua tez morena sem lua. Difícil distingui-las umas
Das outras. Belas raparigas que o amor,
Em sua dimensão maternal,
Transforma em matronas sujas.

Sujas, as saias cor-de-rosa aos folhos, recamadas
De lantejoulas,
O embrulho dos filhos e haveres às costas, a barriga
Inchada.
Baleias com um ridículo chapeuzinho à banda.

Tudo isto me tem causado pesadelos.

Passamos demasiadas horas na cama, penetrando
E deixando-nos penetrar pela carne.

O primeiro
Foi o de me rasgarem o ventre com um punhal.
Vvvvvvvveeeeeeeeeee!!!!!!!!!! Viiiiiieeeeee!!!!!!!
Um som fino a laminar o silêncio.
Aflijo-me em ânsias, gillettes lancetantes,
Antes de agonizar.

Noutra noite sonhei que me estava a transmutar
Num ser viscoso, verde e
Imundo, com tentáculos adesivos
E uma comprida infelicidade de lula.
Sepia officinalis, mais cientificamente.
Se não for Loligo, ou mesmo Octopus vulgaris.
Esses animais sem vértebras
Que escorrem cromatóforos
Deixando luminosos os dedos.

Esta noite sonhei que as pessoas andavam a ser mortas
No metropolitano, em Lisboa. Sonhei isso,
Aqui,
Nestas alturas desgraçadas dos Andes.


Eu ia com outros numa carruagem, deitados no chão, para nos defendermos. Quando o metro começou a andar, um tubo negro preso à parede deslocou-se, dobrou-se como ânfora redonda, e começou a soprar um gás pela boquinha de serpente. O jacto expirado com ruído frio, senti o odor do clorofórmio e gritei que nos estavam a anestesiar. Consegui fugir quando o metro parou na estação seguinte, mas corria pela noite sem ruído e sem dinheiro, sem cartões de crédito e sem documentos, e tinha de empreender uma longa viagem pelas favelas bolivianas até alcançar a segurança de uma casa.

A viagem experimenta o corpo,
O erotismo,
A sexualidade. Porém o espírito, a alma,

O que é feito deles? O que é feito do amor?
Devem estar cloroformizados.

Só o corpo se move nos écrans,
Voga como nenúfar

No azul-absorto do Titicaca.

Abraçado a espáduas morenas de incas
Nas praças, de preferência atlético e sedutor.

A alma foi sequestrada em La Paz
Por um bandido com charme
Que te levou todo o dinheiro
E agora não consegues regressar a casa.

Mais longe, as ilhas flutuantes dos Uros,
Feitas de totora
Aguardam na sombra que as fixem à terra
E alumbrem com luz eléctrica.

Ouve-se a cantiga de um telemóvel
Abafada a estridência no chão de folhas que sussurram.

Os barcos também de junco regressam
Às ilhas redondas de crepúsculo,

Os remos ruce-rucem no azul-cobalto das ondas
A fímbria dos vestidos de baile

Assim: taf-taf-taf-tafetá
Taf-taf-tafetá.

Bolívia e Peru, 2007/Lisboa, 2008


EU, DESCONTRAÍDA, A FAZER A BARBA

Eu nunca fui a S. Francisco.
Sonhei porém que um geiser
explodia numa girândola rósea-de-todas-as-cores
ao fundo de uma ladeira de S. Francisco.
Freud teria alguma palavra a dizer sobre este carnudo
assunto, mas disso sei eu mais do que ele.
Primeiro foi o som, um Buuuuuum!!! de explosão,
estava eu nessa altura muito descontraída
a fazer a barba.
Corremos os dois para a porta da barbearia.
Os carros andavam de saltos altos
em cima das lombas
trepando ofegantes
por aquela rua de barrigas empinadas.
Alguns automóveis iam gritando
como sirenes da Polícia
e outros iam pulando para a valeta
e resfolegavam uns contra os outros
ao fugirem do geiser de todas as cores,
jorrante num fundo de rua
de thriller rodado por noites betuminosas
na cidade americana de S. Francisco.
Estava eu espantada a ver tudo aquilo
no meu sonho de alto de ladeira,
à porta da barbearia onde fora
aparar barba e bigode.
Toalha branca ao pescoço,
num ambiente de vapores termais,
fitava o geiser furta-cores
a despedir luz em rajadas para cima
como bomba de lívidos neutrões.
O barbeiro, de navalha na mão, com a bata de nuvem
em carneirinhos e cúmulo-nimbos aconchegantes,
gemia: Ai! Ai!......................
Os olhos de cor melada, inodoros, derretidos em lágrimas
de chocolate cremoso.
Senti tanta atracção por ele que o abracei e disse:
Meu, para nos salvarmos,
temos de sair daqui numa rapidinha!
E ele respondeu, o gesto verde-esmeralda:
Nem tiro a bata, tenho ali o carro, vamos embora numa branca!
O calor de estufa subia pela ladeira
como salamandra aquática,
Triturus marmoratus, verbi gratia.
Sem intervalo entre vapor e suor,
uma espécie de concha a chupar entre pernas,
sufocávamos no sonho de cor morna e demasiadas palavras
gostosentas entesonadas dos vapores termais.
E assim fomos de carro ao contrário da direcção do geiser,
ele de mão na cabeça das mudanças,
a roçar para cá e para lá,
eu de toalha ao pescoço e ele de bata branca,
a navalha deixada no peitoril da janela da barbearia
para fazer ela as barbas sozinha
quando o geiser rebentasse dentro do útero da noite
a tensão partida enfim num ronronar ruivo de gato.


NA VÉSPERA DE EU SER INICIADA

Na véspera de eu ser iniciada
Receando qualquer percalço físico
A mim mesma repetia
A tão nítida chapa fernandina
À mingua de modelo verdadeiro:
Neófito, não há morte!
Sim, porque o carvão não é inofensivo
Faz fagulhas, o lume crepita a vermelho e azul
Sobre o veludo negro da morte
E o sangue mostra os dentes, seja em fio ou borbotões
Enfim, pensava, à falta de outro conforto
Que o neófito não morria, e não morre realmente,
Apesar de, defunto,
Ir vogando entre flores num caixão cheio de luzes
Como dos barcos ao longe
Dos barcos ao longe carregados de flores
Fala esse outro lampião, Camilo Pessanha.
Na véspera de eu ser iniciada, temia,
Para enganar o terror, sujar a melhor roupa
A cavar a minha própria sepultura
Em terra húmida, de lama esverdeada,
E a nela me deitar ao comprido, como quem à cama regressa
Depois de nela ter nascido.
Sim, porque não é fútil o carvão
Ele queima e deita faúlhas
E no petiscar vermelho e azul da sua chama
Dormem lobos maus de negro sorriso.
E então eu pensava, nesse verdadeiro raciocínio
Saído como poucos do húmus de Fernando Pessoa
Que a morte iniciática não era morte
Como realmente não é
Apesar de temer que ela me arreganhasse os dentes
Ao cavar por minhas próprias mãos a cova onde me deitaria
Assim a rachadora rachando lenha para se queimar
O lume acende com achas de cedro
O incorruptível - apesar de falso - Cupressus lusitanica
Negra lama lume lento lábios frios
Ei-la, gélida, que com mão escanzelada me levanta
E só dentes e perna de pau avisa:
Neófita, levas uma punhalada se não morres!
E como foi estranho e espantoso
Representar afinal o papel de Lucy no "Ofício das Trevas"
Ali jazendo, com a lápide pesada contra o coração
A respirar com dor, ouvindo
Morta jazida num berço a vogar no Nilo
O rio que é essa fita de água estendida no deserto
Entre duas tiras verdes de tamareira
Phoenix - será Phoenix? - talvez seja, mas não a reclinata
Ali deitada, a Fénix, no negro de uma obra alheia, ouvia
O hino a Osíris, Sol que se despede e ao outro dia regressa,
Os membros decepados e arremessados para todos os
Vales e climas
Assim a minha alma estagnava na língua dos mistérios
E morria como Osíris, tão estranho, tão estranho não poder invocar
Nem pai nem mãe de carne, o Sol pesava de encontro ao coração
Muito mais que ligeira pena de avestruz na balança de Anúbis
Eu era aquela morta em absoluto falecida
Que noutro mundo tão recuado para fora deste
Comezinho mundo de fetos
E urtigas confessava
Lucy também se confessa em negativo
Não, eu não matei
Não, eu não dormi com a mulher do meu primo
Nego, eu não suspirei pelo filho do teu genro
Como outrora, a químico, a escrita trespassada para outro lado
Do papel se chamava negativo
Nego o que na igreja se afirma
Ao contrário, renego a mentira, não quero a hipocrisia
Nunca se cruzam as mãos, nunca
Tudo ao contrário, como na confissão
E então a lua de chifres na frente
Aqueles dois cornos imensos
A enrolarem-se de luz nas sombras da Floresta Negra Curitibana
Ladrava de noite entre as hastes esguias das acácias
Manchadas de branco como caiadas
Para curar as feridas
Minha Mãe, a Lua, meu Pai, o Sol,
Como podia eu morrer à vossa frente, neste fato negro de cima a baixo
A noite - meu P.'.M.'. - a Noite era eu, ali despida, e o balandrau atirado
Para o céu, fazendo nuvens, eu, morta, enterrada até às últimas letras
De uma estrofe interminável
Eterna
Lua
Diuturnamente assassinada
Como Hiram o foi um dia
E todas as noites ressurrecta
Dessa morte que para o neófito inexiste
Minha Lua Lua ó Lua quem és, Lua?
Lua, Lua sou eu.


Maria Estela Guedes (1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov.
Membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.
Obras: “Herberto Helder, Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979; “SO2” . Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”, Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa, 1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários : Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora, 1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”. Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007; “Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Geisers”. Bembibre, Ed. Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas modernos em Portugal”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010. “Tango Sebastião”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2010. «A obra ao rubro de Herberto Helder», São Paulo, Editora Escrituras, 1010; "Arboreto». São Paulo, Arte-Livros, 2011; "Risco da terra", Lisboa, Apenas Livros, 2011; "Brasil", São Paulo, Arte-Livros, 2012; "Um bilhete para o Teatro do Céu", Lisboa, Apenas Livros, 2013.
"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual. Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”. Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009. Entrada sobre a Carbonária no Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, Lisboa, Gradiva Editora, 2010; «A minha vida vista do papel», in Ana Maria Haddad Baptista & Rosemary Roggero, Tempo-Memória na Educação. São Paulo, 2014.
Multimedia “O Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando Alvarez e interpretação de Maria Vieira.

































domingo, 30 de noviembre de 2014

ROBERTO PIVA







LOS ÀNGELES DE SODOMA


Yo vi a los ángeles de Sodoma escalando
un monte hasta el cielo

Y sus alas destruidas por el fuego
abanicaban el aire de la tarde

Yo vi a los ángeles de Sodoma sembrando
prodigios para que la creación no
perdiera su ritmo de harpas

Yo vi a los ángeles de Sodoma lamiendo
las heridas de los que murieron sin
alarde, de los suplicantes, de los suicidas
y de los jóvenes desaparecidos

Yo vi a los ángeles de Sodoma despeinados y
violentos aniquilando a los mercaderes,
robando el sueño de las vírgenes,
creando palabras turbulentas

Yo vi a los ángeles de Sodoma inventando
la locura y el arrepentimiento de Dios




STENAMINA BOAT           Prepara tu esqueleto para el aire
                                                          Federico García Lorca


Yo quería ser un ángel de Piero della Francesca
Beatriz apuñalada en un oscuro callejón
Dante tocando el piano en el crepúsculo
yo pienso en la vida reclamado soy por la contemplación
desconsolado miro el contorno de las cosas copulando en el caos
yo reclamo una leyenda instantánea para mi Mar Muerto
Tiempo y Espacio posan en mi antebrazo como un ídolo
hay un hueso cargando una dentadura
yo veo a Lautréamont en un sueño en las escaleras de Santa Cecília
él me espera en la plaza de Arouche en el hombro de la estatua de un santo
hoy por la mañana los árboles estaban en coma
mi amor escupía brazas en el trasero de los locos
había tinteros medallas esqueletos vidriados copos dalias
explotando en el culo ensangrentado de los huérfanos
niños visionarios arcángeles del suburbio entrañas en éxtasis alfileteados
en los urinarios atómicos
mi locura alcanza la extensión de una alameda
los árboles lanzan panfletos contra el cielo gris
.
PARANOIA EN ASKATRAN




Yo vi una linda ciudad cuyo nombre olvidé
donde ángeles sordos recorren las madrugadas tiñendo sus ojos con
lágrimas invulnerables
donde críos católicos ofrecen limones a pequeños paquidermos
que salen escondidos desde las tocas
donde adolescentes maravillosos cierran sus cerebros para los tejados
estériles e incendian internados
donde reconocidos nihilistas distribuyen pensamientos furiosos y tiran
la descarga sobre el mundo
donde un ángel de fuego ilumina los cementerios en fiesta y la noche
camina en su hálito
donde el sueño de verano me tomó por loco y decapité el otoño de su
última ventana
donde nuestro desprecio hizo nacer una luna inesperada en el horizonte
blanco
donde un espacio de manos rojas ilumina aquella fotografía de pez
oscureciendo la página
donde mariposas de zinc devoran las góticas varices de las venas del ano
de las beatas
donde las cartas reclaman drinks de emergencia para lindos tobillos
arañados
donde los muertos se fijan en la noche y aúllan por un puñado de débiles
plumas
donde la cabeza es una bola digiriendo los acuarios desordenados de la
imaginación.

Roberto Piva: (Sao Paulo, Brasil 1937-2010). Poeta Brasileño. Se incorporò a la actividad surrealista en Sao Paulò en los años 60. Su poesia se caracteriza por la insurgencia, la sensibilidad de alucinaciones, y àreas de delirio urbano. Es autor de: "Paranoia", 1963, "Piazza", 1964, " Abrir los ojos y decir ah", 1975, " Las piernas", 1979, "20 poemas con brocoli", 1981, " Quizumba", 1983, "Ciclòn", 1997, y dos volumenes de sus obras completas publicadas en 2005 y 2006. En 2010 particiupa en la Exposicion Internacional de Surrealismo " Umbral Secreto".   
.

























sábado, 29 de noviembre de 2014

NICOLAU SAIAO


LA VENTANA

A veces el poeta saca
cosas de la ciudad: un muro, la sombra
de un muerto, colores que lo obligan a quedar ligeramente avergonzado. Dicen
que es operación vulgar esta investigación
de memoria rendida en geografía
adormecida. Mas el poeta insiste: saca
por ejemplo una ventana. Saca tres o cuatro
bellísimas piernas de mujer, un sentimiento
un olor, endomingados recuerdos
en suma: elementares presencias
comunicadas entre los años. Saca la ventana. Y coloca
la ventana en diversos puntos
del Universo: aquí ve un río
allá siente a través de la ventana gritos y risas
y después la ventana aletea
con las manos y la cabeza del poeta dobladas
como perdidas
solemnemente atentas
en la noche ardida. La ventana se reparte
por países y por rostros. El poeta pierde
la ventana de vista. La ventana desapareció.
La ventana reposa en las paredes
la ventana se le pega a la ropa, la ventana
obliga al poeta a pestañear. La ventana tal vez
sea menos o más que un simulacro
de animales que viajan en el triángulo de los techos
en el impenetrable reflejo de las madrugadas
en la palma de la mano de alguien que ya no puede
abrir o cerrar una ventana.

La ventana se construye
poco a poco, la ventana dice
millares de palabras inventadas
y desnudas, es una imagen
en equilibrio sutil. La ventana es ahora
casi puerta, parece hecha de
altas meditaciones familiares. Ni precisa ser
ausencia, como un retrato

que sale de nosotros para todas las calles
donde irrumpe un perfil ennegrecido
donde alguna otra vida se acojió.



ALEGRIA

Un jardín, casas
y gente: una
epidermis sobre
la Tierra. La crispación
de una presencia inesperada.

La tristeza perfecta
de un árbol o de un
bicho sobre el muro.

El sonido ausente
de años y años: aquello de que
es hecho

un riguroso
sufrimiento.


Nicolau Saião (Alentejo, Portugal, 1946) Poeta y Artista Plástico. Participó en muestras de Arte Postal en países como España, Francia, Italia, Polonia, Brasil, Canadá, Estados Unidos, y Australia, además de haber expuesto individual y colectivamente en lugares como París, Lisboa, Porto y Sevilla. Organizó con Mário Cesariny y Carlos Martins, la exposición “O Fantástico e o Maravilhoso” (1984), abierta en el Teatro de Xabregas y en la Soc. Nac. De Bellas Artes (habiendo traducido diversos autores incluídos en el libro –catálogo) y con João Garção, la muestra de mail art “O futebol” (1995). Actualmente es responsable por el Centro de Estudios José Régio, adscrito a la Casa-Museo. Tiene colaboraciones diversas en la prensa cultural en varios países, siendo ejemplos Colóquio Letras (Portugal), DiVersos (Bruselas), Albatroz (París), Agulha (Brasil), Mele (Honolulú) y Espacio/Espaço Escrito (Badajoz). Concibió, realizó y presentó el programa radiofónico “Mapa de Viagens” (Radio Portalegre). Está representado en antologías de poesía y pintura. En 1992 la Asociación Portuguesa de Escritores le atribuyó el premio Revelación/Poesía al libro Os objectos inquietantes (Editorial Caminho). En los años 90 orientó y dirigió el suplemento literario Miradouro, que salía en Notícias de Elvas. Con João Garção y Ruy Ventura coordinó Fanal, suplemento cultural publicado mensualmente en O Distrito de Portalegre, de marzo de 2000 a julio de 2003. Autor de libros como Os objectos inquietantes (1992), Flauta de Pan (1998) y Os olhares perdidos (2001).
En 2009 participo en la exposiciòn internacional de surrealismo "Umbral Secreto". 











viernes, 21 de noviembre de 2014

JEAN BENOIT



Me encantan las palabras
que hablan de amor para mí.
Me encantan las palabras que
hacen el amor.
Me encanta la imagen que hace
de la imagen.
Me encanta el hablar claro.
Me encanta el idioma de la lengua
en el amor,
cuando la palabra se vuelve loca
y cabalga el discurso loco,
el ritmo se vuelve bárbaro y
la rima vuelve loco y se va
volando en rumores.
Me encanta el sentido de mi
pensamiento loco
demente por mis sentidos.
A pesar de todo
- Excitado por el olor de sus entrañas
se lo debo lo mejor de mis conclusiones -
y del mismo modo que inspirò
serà un error sabor se obtuvo 
porque de este gusto tonto que
tengo para ti




Jean Benoit: (Canada 1922, Francia 2010). A la edad de 15 años, Jean Benoit entró en la École des Beaux-Arts de Quebec. En 1942, se trasladó a Montreal y, todavía en Bellas Artes, sigue el curso de  Alfred Pellan quien introdujo en 1943, los Manifiestos del Surrealismo y el juego del Cadàver exquisito . Bajo el seudónimo de "Yo Anónimo", firmó el manifiesto de "Ojos Prisma" (1948).
Con su esposa, la artista Mimi Parent, se trasladó en 1948 a París, donde conoció a Andrè Breton en 1959. Fue en París que va a seguir cursos de etnología en el Museo del Hombre, que lo hará para satisfacer las primeras artes, sobre todo en Oceanía con Pierre Langlois en 1967.
En el marco de la Exposición Internacional de Surrealismo dedicada a Eros en el apartamento de Joyce Mansour, Jean Benoît presenta su "El testamento del Marques de Sade" ante un público, entre los que se encontraban Andrè Breton y Roberto Matta. Después de esta presentación, se aplica sobre el pecho un hierro al rojo vivo la asunción de las cuatro letras BSA. También participará en las exposiciones de 1961, tanto en Nueva York IX Exposición Internacional del Surrealismo: Surrealismo Intrusos en el Enchanters'Domain organizada por Marcel Duchamp y André Breton en la Galerie d'Arcy y en la Mostra Internazionale surrealismo en Milan efectuada en la galeria de Arturo Schwarz.
En 1967 participa en la exposicion internacional de surrealismo A Phala, que se celebró en la Fundación Armando Álvarez Penteado (FAAP), Sao Paulo, Brasil. junto a Leonora Carrington , Gabriel Derkevorkian, Jean Terrosian o y en 1968 en Brno, Republica Checa participa en la exposicion " El principio del placer".
En 1963, Jean Benoît se unió al Movimiento "Pànico" fundado por Fernando de Arrabal y Alejandro
Jodorowsky. En 1965, en respuesta a una carta de un curador del Museo de Besançon, André Breton cita Jean Benoît entre los diez artistas más auténticos de los últimos veinte años. Fue colaborador de la Revista Derrame





martes, 11 de noviembre de 2014

MIGUEL DE CARVALHO


ÉS O POEMA

és o poema e a aurora
que esboça no corpo um discurso húmido de cânticos nocturnos

és o poema e a fissura dos meus olhos
donde derramo a tinta com que escrevo teu nome

és o poema que perdura cardíaco
entre labaredas e jardins proibidos das geografias internas

és o poema e o consolo duma boca
que beija no ventre uma borboleta em chamas

és o poema e a navegadora sem tempo
no meu peito de pétalas secretas

és o poema e a intimidade de uma lágrima
onde sal nocturno segrega a espuma do sonho

és o poema de todos os poemas até à bruma no horizonte



UM RETRATO ESQUECIDO

Não é na orla da partida
que ardem meus olhos com silêncios
como se só estivesse à espera
de um vento entregue num sussurro
de quem nada espera além de
escrever vida com palavra inimiga
ao longo da lenta abertura
que a terra no sangue corrompe.

Todos os outonos são transparentes
servem com segredos a perseguição das sombras
com folhas secas juram o fim dos pequenos hábitos
dos pedaços de rua e das gentes sem soluções.

Apenas lembro a intimidade das horas
na ausência de todas as cartas
contorcidas que ficam na memória
ritmadas pela sensação de acariciar a vida
a partir do lugar eterno que é a morte.

Eu ainda sou um crescente
tu partiste pela estrada.

OUVE

Para Ana Isabel Soares

Exercem os ventos um fascínio quando num moinho recorrem às cabaças para testemunhar a sua passagem. Empurram para fora uma realidade inadaptável à melancolia crescente dos dias. Esta acção meteorológica, ou melhor, este exercício de vagabundagem natural, é rival do quotidiano ao longo de um correr de provocações sobre a forma sonora. Há momentos em que a musicalidade circular e cadente dá lugar à acção mecânica da corrente de ar com um bater ritmado de porta, incerta e fria. O som metálico do trinco, o ranger da dobradiça durante o seu vai-vem ilude o singular reconhecer dos cheiros, ao mesmo tempo que se ouvem os silvos das rajadas. As sombras das velas a girar sacodem a luz solar intermitente sob uma ameaça, ainda que volátil, dos panos e cordas a bater. Dentro do moinho, sobre mesa gasta, repousam há demasiado tempo maçãs junto de um copo cheio de água. À noite os cheiros são mais intensos e a profundidade destes aninham-se no olhar que tenta trespassar o vidro opaco de poeiras. É nele que se afogam as imensidões desnecessárias dos dias. É dele que se bebe a água contaminada de olhares. Fica o prazer estranho de a engolir e a resistência do aroma da fruta, enquanto lá fora o vento faz circular os panos presos nas varas ao mastro.

 
UN VIOLIN EN SUEÑOS

La selva y el bosque
el bosque y el alba
el espejo con su mariposa
el mar dentro de tus ojos
mi piedra negra y yo
desnudos de la inteligencia
de una palabra sin tiempo.


Miguel De Carvalho: (Luxembrurgo, 1970). Poeta y Collagista Portuges. Es el animador de la editorial surrealista Debout Sur l'Oeuf y director de la revista con el mismo nombre. Ha organizado varias exposiciones del surrealismo con ediciones especiales de libros. A partir de su convivencia con Artur Cruzeiro Seixas su influencia comenzo a extenderse en 2005 en su obra como collagista y poeta. Es un miembro integrante del Grupo Surrealista de Sao Paulo (Brasil). Ha participado en exposiciones internacionales de surrealismo en Portugal, Bèlgica, Republica Checa y Chile.  Colabora en revistas como Brumes Blondes, Supérieur Inconnu, y Tortue-Lièvre. Es colaborador de la Revista Derrame.











































domingo, 21 de septiembre de 2014

EDMUNDO HERRERA



CANTO V

LA ÙLTIMA CARTA

El grito rompe la noche
Y alarga sus piernas entre los árboles
Viejos. Como
Un vaso que arde en la mesa,
Reunidos para corroborar la
Llama de las mejillas, para que
Los vigiladotes de la sangre nos dejen
Contener la piel y la melancolía, dejamos
Desterrados
Los pesares en un rincón del alma.
Esta noche juego mi última carta. Alguien
Gentilmente
Me sirve un vaso de sangre. Todo parece
Perfecto en mi última carta. Habrá
Que cumplir
El itinerario de las predicciones amables.
Entre desconocidos
Se puede jugar con facilidad elegante
La ultima carta. Mientras se beben dulces
Y condenados
Vasos de sangre; y se habla también, de
Teorías y de equivocados dedos,
Se puede jugar la última carta. En los
Últimos días de vida que me quedan
La juego sin fatiga. Aquí en el salón se
Reparten ceniceros y los
Perdedores parecen muñecos especiales.
Aquí no hay pecadores
Arrepentidos, solo hay muñecos. Sé que
Nada es fácil de sobrellevar
Al final del juego. Al final
Hay que estrecharse efusivamente las
Manos y ver que la balanza de las horas
Tiene tolerancias amables
Al final es fácil jugar la última carta.
Es elegante
Perder la cabeza en la ciudad. Juego
Mi última carta.


CANTO XVI

SOLEDAD DE LAS AGUAS

Encuentro una carta en el bolsillo
Y tu efigie indefensa: en el perfil del cielo
Encuentro la muerte presente. Quiero saber
Si soy suicida
Habitando en la arena. Aquí vivo mis sueños, hallo
La vida,
Sin ventanas y sin hastíos. Estoy mirando
Cómo las cosas alzan
En las cenizas, su vuelo.
Ni con el aire, ni con el agua soy suicida.
La sangre llega acompañada de tambores.
No aparece sola,
Está llegando con el hombre. El hombre no
Ha de morir como las flores.
Su vida es como el secreto de la lluvia. No soy suicida. Cierto que estoy
Enfermo, pero con vida. De escuchar los
Signos de la sangre estoy con vida,
Con ojos y con fuego. Me defiendo
Heroicamente de
Almohadones,
Entre centavos y sueños:
Me defiendo de la ebriedad persistente y
Hago mi
Mísera jornada. La cabeza
Me cuelga entre
Sábanas. Frazadas y obscuras sobrecamas:
Me defiendo
De todo, porque terriblemente todo me
Afiebra
Me degüella
Me aniquila
A veces quiero que cese el sonido. Que los
Pájaros cierren los
Párpados y el agua que muerde las
Piedras
Se quede lenta. La tarde con sus perros hambrientos
No cesa de gotear su luz por los dormitorios
En el agua,
En su mansión subterránea,
Penetro para saber sus secretos trepado a los
Árboles.
Existo frente a un espejo que
Rompe el pez
La espina y
El presagio de las señoras que están
Embarazadas. Te escribo todo esto,
Porque tú me entiendes, amiga, que yo casi
Entiendo
Todo esto. Si, porque aparecen nudos en
Mis manos

Y nudos en la voz y nudos también en
La garganta. El verano gotea
Temblores de agua en la mañana.
El tiempo viaja hacia perdidas regiones del
Planeta. A
Juntar sus largos viajes por el aire. Los
Tejados se quedan a la espera de los
Gatos y de las
Palomas
Perdidas.


CANTO XVIII


LÀGRIMAS COTIDIANAS

En un temblor del poderoso coro de los
Muertos; en una hora
Violenta del viento que roza las venas
Te estoy cantando.
Te estoy cantando en la contigua casa del
Milagro en la que la
Ceniza adquiere ojos y
Lágrimas que golpean
Algún antiguo esqueleto
Que la lengua guarda.
Te estoy cantando como si siempre lo
Hubiera hecho de madrugada
Con la lascivia febril, con
Lascivia multiplicada en el
Rayo inagotable de mi boca. En la mañana me pregunto si vivo o
Muero en tus pasos. Nada sé
De tus sueños y dolores. Solo que aquí
A las
Diez de la mañana estoy vendiendo mis
Zapatos para pagar algunas clases
De natación y de bailes.
Vuelve la luz del día a cegarme: vuelve
Su pupila y su aire.
Repto atormentado
Entre escombros,
Relojes,
Especies varias.
Quiero alejar de mis ojos
El canto del mar,
Su incesante sueño movible. Vuelve la
Luz a
Cegarme con los presentimientos
Húmedos del amanecer. Escribo tantas
Cosas: campana
Muerte,
Paloma,
Perro y
Flauta.
En la tarde borro las palabras y
Me largo a caminar por las calles del
Puerto. El día gris y espeso se afirma en
Las casas. Los árboles
Cierran los parpados cuando vuelvo.
Como la muerte que tallo día a día,
Como su cuerda ciega que anudo a mi
Cuello te tengo y no detengo
Su laxitud. Desde los
Huesos pálidos, desde lo hondo del sueño, desde el centro
Gris de las cenizas
Pido la sed para mi boca. Pido el delirio,
El viento pido, el
Agua, el
Fuego pido para saber que existo no
Existiendo,
Que hay rayos en el césped y
Lenguas en la lluvia.
En esta carta he querido contarte todo
Esto. Hay algunas
Cosas que quisiera decirlas mejor. Se caen
De la pluma y las dejo ahí
Para que veas como son y lo que quieren.
Me miran los ojos
Y las dejo ahí para que veas cómo son.
Mi pavor
Adquiere el habla de los dioses
Adentro de los museos. Ayer estuve en
Uno y
A las pupilas cayeron
Arenas,
Luces,
Pájaros,
Botellas,
Sombras,
Manzanas, marchitas flores. Estuve adentro
De algunos cuadros
Rasguñando testimonios. En unos me quedé
Helado y vencido. En otros
El relámpago golpeó mi sangre y me
Temblaron los huesos. Extraños
Colores que yo quiero pintar con mi boca.
En el infinito
Del fuego quiero descubrir la porcelana.
Descubrir
La curva de las madrugadas en las
Raíces del tiempo, en las neblinas
Del sueño ¿Por qué siempre balbuceo
Palabras inútiles en la aurora?
Pregunto siempre por el origen y el vacío
De los eslabones. Todo sucede
En persistencia tenaz y sin memoria.
Todo va quedando atrás, todo sepultado.
Solo el recuerdo.
Recuerdos. Todo en piedras muertas sobre
El polvo. Los arqueólogos
Coleccionan ojos
Antiguos,
Sepultados
Dientes y
Vendas de colores. Coleccionan piedras
Perdidas, voces, troncos.
La muerte sube hacia la materia viva
Para exterminar su
Ajetreo cotidiano. Para lamer
Sus vértebras vitales. La muerte es una
Vigilia sin vestigios ni huellas
En las antiguas faenas el canto era
La luz de la muerte. Tú comprendes
Amiga, mi impotencia. O quieres comprender
Este afán urgente y satánico
De vivir lleno de luces y querer buscar
Siempre la incógnita de la
Materia:
Algún día encontraremos el signo de la luz. Uno no puede defenderse
Tiene que asistir a comidas, a bailes,
Tener horarios y andar con corbatas,
Pañuelos,
Monedas,
Trajes azules.
He aquí que ya no me entiendo. Uno cambia
Lo cambian, lo recambian y le dan
Vuelta el pellejo.
Así entre metales, lanas, piedras y
Espejos estoy expuesto al
Lloro y a la centella del cielo.


Edmundo Herrera Zúñiga: (Renaico, 17 de julio de 1929, Santiago De Chile, 2019). Poeta, Técnico Industrial en artes graficas, profesor normalista y profesor de estado para la enseñanza industrial, ha ejercido la docencia en distintas escuelas del país. Ha publicado: "Canto de la Sombra", poemas, 1958, Ediciones Lírica Hispana, Caracas, Venezuela, "Larga Mano para Jean", poema, 1960, Editorial del Pacífico, Santiago, Chile, "Llamada al Libertador", poema, 1960, Editorial Cronos, Santiago, Chile. "La Casa del Hombre, poema, 1964, Editorial Universitaria, Santiago, Chile. "Oscuro Fuego", poemas, 1970, Ediciones Asociación Chileno-Árabe de Cooperación, Santiago, Chile, "El Paraíso de los Pájaros", poemas, 1971, Ediciones Grupo Fuego de la Poesía, Santiago, Chile, "Encuentro en la Joven Poesía, Chile-RDA.", estudio y selección, Antología, poemas, 1971, Editorial Instituto Chile- RDA, Santiago de Chile
- "La Poesía Chilena Actual", estudio y selección, Antología, poemas, 1972, Ediciones Instituto Bancario de Cultura,"Soy el Subterráneo Ángel de la Vida", poema, 1977, Escuela Nacional de Artes Gráficas, Santiago, Chile, "Manzanas y Ceremonias", poemas, 1979, Editorial Universitaria, Santiago, Chile, "Poesía Combatiente de Nicaragua", estudio y selección, Antología, 1982, Editorial Libertad, Santiago, Chile.
Ha obtenido los sgtes Premios: Premio Lírica Hispana, Caracas; Venezuela, Premio Único Certamen Bolivariano, Caracas, Venezuela, Beca Taller de Escritores "Los Diez", Universidad de Concepción, Concepción, Chile, Beca Taller de Escritores, Fundación Luís A. Heiremans, Universidad Católica de Chile, Santiago, Chile, Premio "Bandera Nacional, 150 aniversario de su creación", Presidencia de la República, Chile, Premio Alerce Universidad de Chile, Sociedad de Escritores de Chile y Editorial Universitaria, Santiago, Chile, Primer Premio Nacional del Magisterio, Poesía, Unión de Profesores de Chile, Santiago, Chile, Primer Finalista, Poesía, Casa de las Américas, La Habana, Cuba, Primer Premio Municipal Juegos Literarios Gabriela Mistral, Poesía, Municipalidad de Santiago, Santiago, Chile, Primer Premio Gibran, Asociación Chileno-Árabe de Cooperación, Santiago, Chile, Premio Municipal de Literatura, Poesía, Municipalidad de Santiago, Santiago, Chile, Premio Municipal de Literatura "Pedro de Oña", Poesía, Municipalidad de Ñuñoa, Santiago, Chile, Primer Premio Municipal de Literatura, Poesía, Centenario de Villa Alemana, Municipalidad de Villa Alemana, Villa Alemana, Chile, Premio Municipal de Literatura "Jorge Teillier", Poesía, Lautaro, Chile, Primer Premio 9º Festival de las Artes "Víctor Jara", Chile, Beca Consejo Nacional del Libro y la Lectura para Escritores Nacionales, Consejo Nacional del Libro y la Lectura,
Fondo Nacional de Fomento del Libro y la Lectura, Ministerio de Educación Pública de Chile, Santiago, Chile. Su obra se encuentra traducida al: Inglés, Francés, Alemán, Sueco, Italiano, Ruso, Georgiano, Húngaro, Checo, Búlgaro, Polaco, Portugués, Catalàn, Mapuche, Danés, Árabe.

jueves, 31 de julio de 2014

FERNANDO ARRABAL


 


CLÍTORIS

(en toda inocencia)

Ventana de la mar para la tempestad y sus olas
Sol de la almendra para el dardo y sus trompetas
Luna del crepúsculo para lo lascivo y sus caprichos
Carne del impudor para el deseo y sus tumultos
Concubina del pubis para el macho y sus males
Pimentero de la fusión para la alcoba y sus tigresas
Armonía de la verticalidad para el carnívoro y sus chupetones
Estampilla de lefa para el creador y sus alucinaciones
Joya del orgasmo para flauta y sus dedos
Pleno de existencia para la intimidad y sus ritos
Taller del amor para el martirio y sus brasas
Corazón del espasmo para la eyaculación y la lamida
Flor del furor para el sádico y sus mordiscos
Molino de delicias para la pistola y sus tiros
Margarita de Eros para el libidinoso y sus fervores
Nicho de enigma para la penetración y sus rayos
Ciprina de adoración para el tallo y sus carnavales
Botón de ligue para el príapo y sus caprichos
Rosa de besos para el adorador y sus puros
Calibistri de locura para el bullicio y sus dilecciones
Concha de seducción para lo precioso y sus himeneos
Escudo de delirio para el ruiseñor y sus caprichos.
Copete de ardor para la fantasía y sus nudos
Mandolina de calor para la flecha y sus intrigas
Fresa de diluvio para el delirium y sus tremens
Nido de culto para el marqués y sus ataduras
Cajón de erección para el clavicordio y sus pasiones
Mechón de embrujo para la daga y sus toques.
Tesoro de fiebre para el falo y sus quemaduras
Cetro de la llama para la ceremonia y sus frenesíes.


Fernando Arrabal: (Melilla 1932). Su padre se mantuvo fiel a la República en el golpe de estado de 1936 que provocó la Guerra Civil Española por lo que los sublevados, ilegalmente, lo condenaron a muerte, la pena fue posteriormente conmutada por treinta años de prisión, pasó por las prisiones de Santi Espíritu de Melilla, Monte Hacho, en Ceuta (donde intentó suicidarse), Ciudad Rodrigo y Burgos, hasta que el 4 de diciembre de 1941 fue trasladado al Hospital de Burgos y el 29 de diciembre de 1942 se fugó del hospital y jamás se volvió a tener ninguna noticia sobre él. Fernando se quedó en Ciudad Rodrigo mientras su madre fue a trabajar a Burgos hasta finalizar la guerra civil en que se instalaron en Madrid donde estudió en el Colegio de los Escolapios de San Antón y más tarde en los Escolapios de Getafe. En 1949 fue enviado a Tolosa (Guipúzcoa) donde estudió en la Escuela Teórico-Práctica de la Industria y el Comercio del Papel, en esta época empezó a escribir teatro. En 1951 comenzó a trabajar en Papelera Española. Fue destinado a Valencia, donde terminó el bachillerato, y luego a Madrid, donde, en 1952, comenzó a estudiar Derecho. Allí frecuentó el Ateneo de Madrid y a los poetas postistas. En 1954 viajó en auto-stop a París. En Madrid, conoció a la que sería su mujer y traductora al francés, Luce Moreau. En 1955 consiguió una beca de tres meses para estudiar en París, y mientras vivió en el Colegio de España de la Cité Universitaire recayó, esta vez gravemente, enfermo de tuberculosis lo que le permitió alargar su estancia en París, allí, con Jodorowsky y Topor, fundó en 1963 el "movimiento pánico" y durante tres años fue integrante del grupo surrealista de André Breton.
Fue juzgado bajo el régimen franquista y encarcelado en 1967, tras la muerte de Franco en 1975 pudo estrenar sus obras en Madrid, y se representó Carta de amor con María Jesús Valdés en el Teatro Nacional.
A pesar de ser una de las personalidades más controvertidas de su tiempo ha recibido el pleno aplauso internacional por su obra narrativa, poética, dramática y cinematográfica. Ha recibido numerosos galardones como el premio Mariano de Cavia de periodismo, el premio Nadal, el premio Nabokov, dos Premios Nacionales de Teatro, el Gran Premio de Teatro de la Academia Francesa, el Espasa de ensayo, el World´s Theater, el Wittgenstein y el Alessandro Manzoni de poesía, entre muchos otros. En 2005 se le concedió la Legión de Honor de la República Francesa. EL Colegio de Patafísica le ha distinguido con el título de «Trascendente Sátrapa» (equivalente del Nobel para este colegio).
Entre sus libros “de artista” destacan los publicados con Salvador Dalí, Antonio Saura, Michel Houellebecq o René Magritte.
Menos conocida es su dedicación a la pintura, en la actualidad colabora muy especialmente con la plasticienne/vidéaste' Christèle Jacob con la que ha realizado una decena de vídeos.
Es autor de: Baal Babilonia (1959), El entierro de la sardina (1960), Fêtes et rites de la confusion (1960),
La torre herida por el rayo (1983), La piedra iluminada (1971), La virgen roja, Barcelona (1987)
La hija de King Kong (1988), La extravagante cruzada de un castrado enamorado (1990)
La matarife en el invernadero (1993), El Mono (1994), Levitación (1997), Ceremonia por un teniente abandonado (1998), Champagne pour tous, Libros del innombrable (2002), Como un paraíso de locos (2008), La pierre de la folie (1963), Humbles paradis (1985), Liberté couleur de femme ou Adieu Babylone, poema cinematográfico (1993), Lettres à Julius Baltazar (1997), Diez poemas pánicos y un cuento (1997), L'odeur de Sainteté, (Ed. Yves Rivière, París) con Antonio Saura (1975)
Cinq sonnets, eaux-fortes, (Ed. André Biren, París) con Julius Balthazar  (1980), Sous le flux libertin, (Ed. Robert y Lydie Dutrou, París) con Jean Cortot (1991), Triptyque, (Ed. Menú, Cuenca) con Catherine Millet y Michel Houellebecq (2004), Clitoris poema con 56 traducciones (como la versión checa de Milan Kundera) (2008), El triciclo (1953), Fando et Lis (1955), Guernica (1959), La Bicicleta del condenado (1959), El Gran Ceremonial (1963), El arquitecto y el emperador de Asiria (1966)
El Jardín de las delicias (1967), El laberinto (1967), Bestialidad erótica (1968), El Cielo y la Mierda (1972)
El cementerio de automóviles (1959), Jóvenes bárbaros de hoy, ...Y pusieron esposas a las flores
La tour de Babel, Inquisición, Carta de amor (como un suplicio chino), La noche también es un sol
Delicias de la carne, Viva la muerte (1970), J'irai comme un cheval fou (1972), L'arbre de Guernica (1975)
L'odyssée de la Pacific (1980), Le cimetière des voitures (1981), Adieu, Babylone! (1992)
Jorge Luis Borges (Una vida de poesía) (1998), Apokaliptika con música de Milko Kelemen (1979).
L’opéra de la Bastille con Marcel Landowski, Guernica con Otfried Büsing (1996).
Pic nic im Felde con Constantinos Stylianou, Faustball con música de Leonardo Balada (2009)
La dudosa luz del día, El Greco, Carta al General Franco. Reeditado en 2009 por Editorial Séneca
1984: Carta a Fidel Castro, Carta a Stalin, Un esclavo llamado Cervantes, Goya-Dalí
Le frénétique du spasme (1991), Houellebecq!, El Pánico. Manifiesto para el tercer milenio (2007)
Diccionario pánico (2008), Universos arrabalescos (2009), Defensa de Kundera (2009)
Ha recibido diversas distinciones como: Recipient Award Ford Foundation (1959)
Prix Lugné-Poë du Théâtre, (1965), Grand Prix de Théâtre, (1967), Grand Prix de l=Humour Noir, (1968)
Obie Award (Theater), (1976), Premio Nadal de Novela (1984), Worlds Theater Prize (1984)
Prix de Théâtre de l=Académie Française (1993), Prix International Nabokov de Novela, (1994)
Premio Espasa de Ensayo (1994), Premier Prix "Théâtre au pluriel" (1994), Premier Prix "Théâtre de la Roseraie" (1995), Grand Prix de la Société des Gens de Lettres, (1996), Prix du Centre National du Livre, (1996), Grand Prix de la Ville d’Antibes (1997), Prix de la Société des Auteurs (1998)
Universidad Popular Municipal de Jaen (1998), Premio "Mariano de Cavia" (1998)
Premio "Alessandro Manzoni" di Poesia (1999), Premio Cine y Literatura "Eninci" (2000)
Premio Nacional de las Letras (2000), Prix de la Francophonie (2000), XIV Premio Ercilla (2001)
Premio Nacional de Teatro 2001 (2001), Premio a la Creatividad Artelgallo (2002)
Primera Medalla de Oro de la Universidad del País Vasco (2002), X Muestra de Teatro Español, Alicante (2002), Médaille d’Or de la ville d’Avignon (2002), XVIII Festival Iberoamericano de Teatro, Cadiz (2003)
Premio Nacional de Literatura (2003), Premier Prix Panique, Foire International du Livre (2004)
Premio « Francisco de Vitoria » (2004), Premio Wittgenstein (2004), Premier Prix des Arts de “La Vache Blue” (2004), Prix du Jury Festival cinéma “La nature dans tous ses arts”, Sigma Delta Pi (St. John ‘s University) (2004), Prix Internacional de Poésie Oriani (2004), Premio Leteo (2004)
Premio de la Asociación Checa de Directores de Cine (2005), Grand Prix Festival BITTEF Théâtre (2006)
Prix Teranova (2006), Prix Spinoza (2007), "Sigma Delta Pi" St. John University (2007)
Max de Honor, Teatro (2007), Prix Pasolini, cinéma (2007), “Teatro Nuevo Fernando Arrabal” (2008)
‘Premiul’ de literatura “Tudor Arghezi” por su “opera omnia”. & ‘Titul de cetatean de onoare’. (2009)
Prix de la Ville de Nice â l'affiche du «Festival Paniques ! Cervantès/Arrabal » (2009)
Premio de Cultura C.A.P.E.A. Offenbach am Main (2009), Prix International Théâtre du Millénaire (2010)
Premio Internacional Gabarrón de las Letras (2013), 



































miércoles, 23 de julio de 2014

CLAUDIO WILLER






ANOTACIONES PARAUN APOCALIPSIS (fragmento)


I

La Fiera volverá, con su rostro de trenzas de plata, desnuda sobre el mundo. La Fiera volverá, metálica en la convulsión de las tempestades, musgosa como la noche de los jarrones de sangre, fría como el pánico de las arenas menstruadas y la ceguera fija contra un reloj antiguo. Un sueño asírio, es nuestra dimensión. Un cráneo amargo, velando con la inconstancia del sarcasmo en medio de emboscadas de insectos, un cráneo azul y surcado, a la ventana en los momentos de espera, un cráneo negro y fijo, separado de las manos que lo amparan por tubos y esfumando los bronquios de la memoria - así se solidificaran las vertiginosas jugadas sobre el barro divino. El incesto es una tempestad de lunas gelatinosas y la más bella aspiración de los miembros disociados. En cada órbita una avalancha de campanas fértiles y de arcángeles terrestres por la sombra. El incesto es el sueño de una matriz convulsiva y la más profunda ansia de las cigarras. Vulvas de cemento armado y urnas ensangrentadas, vaginas impasibles contra un cielo de veludo, guardianes de océanos imposibles. Millones de láminas sirven de puente para los deseos obscuros - la más afilada traba a nuestra Verdad.




VISIÒN PARIS 1968 AÙN INVIERNO


..los árboles son tentáculos fijados al suelo por el invierno
.. .. .. .. .. .los perros de las madames se localizan en el instante
.. .. .. .. .. . .. . .. . .. . .. . las palomas son querubines confusos en su materialización
el cielo un cobertor eléctrico
.. .. .. .. .. . .. . .. . .. . .. . atrayendo todos los fragmentos del hielo
.. .. .. .. .. . .. . .el margen del río un punto de interrogación
los barqueros una mirada delante del aullido del abismo
.. .. .. .. .. . .. . .. . .. . .. . los pasantes armaduras atónitas
la multitud es el grito que traspasa el corazón del javali
a cada momento el sentido de la vertical se torna más agudo
.. .. .. .. .. . .. .hasta rodearnos, impulsionar, dominar
.. .. .. .. .. . .. .en un mismo flujo alucinado
correria de personas sin saberes de fin a comienzo
.. .. .. .. .. . .. . ............. . .. . .. . con miedo de correr el riesgo de encontrarse
en las paredes eléctricas
.. .. .. .. .. . .. .de las casas esverdeadas
.. .. .. .. .. . .. . .. . .. . .. . voraces en su ambiguedad
.. .. .. .. .. . .. . .. . .. . .. . peligrosas en sus desvaneos
.. .. .. .. .. . .. . ..cada canto oculta un paraguas en riste
.. .. .. .. .. . .. . .. . ..y no sabemos si es encima o en bajo
.. .. .. .. .. . .. . .. . .. . .. . contraida por los tentáculos del metro
.. .. .. .. .. . .. . .o grudada en el cielo detentor del frío
.. .. .. .. .. . .. . .. ............. .. . .. . que se esconde en la mujer
.. .. .. .. .. . .. . .. . responsable por las súplicas microcósmicas
imperceptíbles para quien no posee el sentido eléctrico de las cosas

(Traducciòn de Leo Lobos)



Claudio Willer: (Sao Paulo, Brail, 1940). Poeta. Autor de: "Anotações para um Apocalipse", Massao Ohno Editor, 1964, "Dias Circulares", Massao Ohno Editor, 1976, "Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont", 1ª edición Editora Vertente, 1970, 2ª edição Max Limonad, 1986, traducción y prefacio; "Jardins da Provocação", Massao Ohno/Roswitha Kempf Editores, 1981, "Escritos de Antonin Artaud", L&PM Editores, 1983 y sucesivas reediciones, selección, traducción, prefácio y notas; "Uivo, Kaddish e outros poemas de Allen Ginsberg", L&PM Editores, 1984 y sucesivas reediciones, selección, traducción, prefácio y notas; nueva edición, corregida y aumentada, en 1999; edición de bolsillo, reducida, en el año 2.000;
"Crônicas da Comuna, colectiva sobre la Comuna de París", textos de Victor Hugo, Flaubert, Jules Vallés, Verlaine, Zola y otros, Editora Ensaio, 1992, traducción; "Volta, narrativa en prosa", Iluminuras, 1996, segunda edición, 2002; "Lautréamont - Obra Completa - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas", edición, prefacio y comentarios, Iluminuras, 1997; segunda edición en 2003. Se prepará la publicación de su próximo libro de poesía, Estranhas Experiências, y ensayos sobre poesía surrealista.
Su obra ha sido publicada en diversas antoogias y publicaciones colectivas, entre otras, Alma Beat, L&PM Editores, 1985; Carne Viva, colectiva de poemas eróticos, org. Olga Savary, Achiamé, 1984; Folhetim - Poemas Traduzidos, org. Nelson Ascher y Matinas Suzuki, ed. Folha de São Paulo, 1987, con una traducción de Octavio Paz; Artes e Ofícios da Poesia, org. Augusto Massi, ed. Artes e Ofícios - Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, 1991; Sincretismo - A Poesia da Geração 60, org. Pedro Lyra, Topbooks, 1995; Antologia Poética da Geração 60, org. Álvaro Alves de Faria e Carlos Felipe Moisés, Editorial Nankin, 2.000; 100 anos de poesia brasileira - Um panorama da poesia brasileira no século XX, Claufe Rodrigues e Alexandra Maia, organizadores, O Verso Edições, Rio de Janeiro, 2001.
Ha sido traducido y publicado en el exterior, entre otros lugares, en Quinta Intermundia, Rassegna di Poesia Internazionale, 1992, colectiva por Márcia Teófilo; Modernismo Brasileiro und die Brasilianische Lyrik der Gegenwart, antologia de la poesía brasilera por Curt Meyer-Clason, Druckhaus Galrev, Berlín, 1997; Narradores y Poetas de Brasil, colectiva de Floriano Martins, revista Blanco Móvil, primavera de 1998, México, DF; Brasil 2000, Antologia de Poesia Contemporânea Brasileira, org. Álvaro Alves de Faria, ed. Alma Azul e Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, Coimbra, Portugal, 2000; Alforja XIX - Revista de Poesía, México DF, febrero de 2002, edición dedicada a la poesía brasilera.
Poemas y entrevistas, también, en revistas literarias: Poesia Sempre, Azougue, Alguma Poesia, Anto (Portugal), Continente Sul-Sur, Orion, etc. Bibliografia crítica formada por ensayos, reseñas, reportajes y citas en obras de consulta: Afrânio Coutinho, Alfredo Bosi, José Paulo Paes, Luciana Stegagno-Picchio, entre otros. Como crítico y ensayísta, colaboró en suplementos y publicaciones culturales: Jornal da Tarde, Jornal do Brasil, revista Isto É, jornal Leia, Folha de São Paulo, revista Cult, Correio Braziliense, etc, y prensa alternativa: Versus, revista Singular e Plural y otros. Co-editor da revista electrónica Agulha: www.revista.agulha.com.br
Filmografia y videografia, con destaque para Uma outra cidade, documental de Ugo Giorgetti con los poetas Antonio Fernando de Franceschi, Rodrigo de Haro, Roberto Piva, Jorge Mautner, Claudio Willer, exhibido en la TV Cultura, São Paulo y en la Rede Pública de TV, disponíble en vídeo, producción SP Filmes y TV Cultura de São Paulo. Depués de ocupar otros cargos y funciones en la administración cultural, fue asesor en la Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, responsable por cursos, talleres literarios, ciclos de conferencias y debates, lecturas de poesía, de 1994 a 2001.
Decenas de participaciones y presentaciones en congresos, seminarios, ciclos de conferencias, presentaciones públicas de autores, talleres literarios, etc, en el Brasil y en el exterior.
Presidente de la UBE - Unión Brasilera de Escritores, electo en marzo de 2000, re-electo en marzo de 2002, en el cargo que ha ejercido en dos mandatos anteriores (1988 a 1992); también secretario general de la UBE en otros dos mandatos (1982-86), y presidente del consejo de la entidad (1994-2000).
Formación académica como sociólogo (Escola de Sociologia y Política) y psicólogo (Instituto de Psicologia - USP). Actualmente, hace doctorado en Letras Comparadas en la DLCV de la Facultad de filosofia y letras de la Universidad de São Paulo, USP, sobre Literatura y Ocultismo.





















sábado, 19 de julio de 2014

RAÙL HENAO



EN VOZ ALTA

“Quemar no es contestar” (GERALD DE NERVAL)

Aquella noche el viento llamaba a mi puerta
con nudillos de recién nacido

Sentía un vivo deseo de correr al trotecito

Me veía en el espejo relinchando como un caballo
al que se patea en los ijares.

En las calle miraba el rostro de la gente
caras vacías a las que el espectáculo
prestaba algunas de sus luces

Creía reconocer en ellas a personas que me habían
sido familiares hace mucho tiempo

A duras penas evitaba saltar al cuello
de quienes pasaban a mi lado

Vi caer un paracaidista disculpándose
con la mejor sonrisa

Una y otra vez preguntaba por la dirección
de mi casa olvidada bajo llave

Arrastraba los pies con exagerado amor propio
daba un paso y otro

De repente me encontré subiendo las gradas
de un inmenso estadio desierto
Hablaba en voz alta en voz alta.



LA EMBRIAGUEZ




Embriaguez mía, seto de violetas.
Bandada de pájaros
Anidando la arboladura
De mis cabellos.
Al filo de una cuba de hielo
Me acechas con mil promesas
Lengua de la imaginación.
Locura mía: copa de oscuridad.
Bautízame en el vino
Hadas de las cristalerías.
Desata esas bebidas ardientes
En un volcán de sabores.
Pendón de claridad, lucero en el bosque.

VISION INVERNAL

La niebla era un enjambre
De abejas rumorosas
En el panal de la tarde.

A trechos, en el abandonado
Camino de la montaña
Se escuchaba el chirrido
De una puerta invisible
Al abrirse o cerrarse
Tras el caminante.

Unos hombres en zancos
Arrastrados por el viento
Desaparecían bajo el negro
Ropaje invernal.

La soledad era una vieja
Conocida, encorvada y diminuta.
Pájaro saltando entre algodoneros.


Raúl Henao: (Cali, Colombia,1944). Ha vivido en Venezuela, México y EE.UU. Autor de: Combate del carnaval y la cuaresma (Medellín, 1973); La Parte del León (Caracas, 1978); El Bebedor Nocturno (Poemas en prosa, Cúcuta, 1977); El Dado Virgen (Caracas, 1980); Sol negro (Medellín, 1985); El Partido del Diablo –Poesía y Crítica (Medellín, 1989) y El Virrey de los espejos (Medellín, 1996). Figura en importantes antologías mundiales e iberoamericanas entre las que se cuentan: Poetas Parasurrealistas Latinoamericanos (Honolulu, Hawai, 1982); The Beloit Poetry Journal – New Latin American Poets (Wisconsin, EE.UU., 1982); Poetas Surrealistas Nórdicos y Latinoamericanos (Suecia, 1984); Poesía de España y las Américas (Puerto Rico, 1992); Poetas Hispanoamericanos para el Tercer Milenio (México, 1993); Antología del Haikú Latinoamericano (Sao Paulo, Brasil, 1993) y The Dedalus Book of Surrealism – The Myth of the World (Londres, 1994); O Comeco da Busca (Sao Paulo, Brasil, 2001); Das Surrealistische Gedischt (Frankfurt am Main, 2001). Su obra poética está parcialmente traducida al inglés, francés, alemán, sueco y bretón. En 2009 participa en el encuentro internacional de Surrealismo "El umbral Secreto".






sábado, 7 de junio de 2014

MOISES MALDONADO





ALGUNA VOLUNTAD EN LA ZONA…


Recuerdo que decían “esto es la tragedia”
Y era un día como ayer,
Como lo es hoy
Y lo será mañana.


Era un día que sobrepasaba a la sombra
Y las aguas,
Un rito obsceno, cuidaban admirablemente
Los generosos cadáveres de ayer.


Difícil es recordar el viento infatigable del suicida,
Difícil la noche que precede la visión
Y su belleza subterránea.


¡Silencio!
¡Silencio!..., ampliad esa cuenca y mirad por debajo de la nebulosa.


¡Silencio!...,
El hambre es el principio de la canción.
Esto es un jardín
Esto es un hombre,
El hombre vive por la memoria.
La memoria es la corriente del día.
El día roe la piel del hombre,
Y la piel entra en un pozo y sale de un pozo
Bifurcando el tedio,
El tedio que nos hacer resignados y cobardes,
El tedio que pregona la miseria sin despertarnos,
Y nos compra sonriente el traficante absurdo y visionario,
Que siempre es un ladrón,
Un caballero
O un obispo,
Salen de las casa del sudor
Con las manos cuidadosamente barnizadas,
Sus frentes dignas,
Altas por sobre el día y los techos estelares,
Lo quema.


Los destrozos entonces vuelven al hoyo
Como en todas las leyendas,
Vuelven al albergue de la piedad santísima.


Yo te voy a decir: “Solo presiento el desolado mecanismo
Para las grandes ocasiones elegiacas,
Y los dioses y los dioses
Palabra transida
En los horribles cajones del vacio”.


Cae en el hoyo
Cae en el hoyo.
Con parsimonia grosera y abstracta…,
La substancia desordenada del gemido se va para siempre
Y ahora te pregunto: ¿si ese personaje de las aguas
Se va en cuatro pies como el llanto,
Como ese ojo magnético que fija en la sien
El endemoniado ritmo terrestre?


Es un sollozo,
No, sólo un gemido
La lengua blasfema
Que tritura al borde
De la trampa;
Ahí, en actitud cobarde,
Esta el hoyo
Se abre:
La locura
La impureza
Lo inmóvil,
Agitan el fondo.
Parece un perfecto cilindro humano
Sin embargo, es el HOYO RETORICO
La carcajada horrenda
Del duende metafísico
Que nos dice desde su sanatorio eclesiástico:
“Valor esto es la tragedia.
“olvidémoslo.
“Vamos al funeral, hermano piadoso.
“que ha muerto la belleza
“en el hoyo del trastorno”


Moisés Maldonado: (1928). Poeta Chileno. Autor de “Alguna voluntad en la zona” (prologo de Dámaso Ogaz), Ediciones Evandro, Santiago de Chile, 1952. Mantiene inéditos los sgtes libros: “Los actos interiores” y “Los salmos humanos”. Su obra ha sido publicada en la revista "Polemica" dirigida por Mahfud Massis y en la antología "Poesia Nueva de Chile" de Victor Castro, Ediciones Zig- Zag, Santiago de Chile, 1953.  

jueves, 5 de junio de 2014

MARCELO BORDESE



2

Hoy es hoy
Un cadaver del fuego
a los pies del tiempo.

Sabemos que la felicidad es imposible
Y que apenas accedemos
A los grumos de la dicha
Pequeños animales ahogados.

La felicidad canta la sombra de los pozos
La felicidad es una sospecha.


4

Tras los cristales
Un niño corre
En la infame madrugada.

Menos su nombre
Todo el jardin es noche
En tanto,
Flores negras como la leche
Anegan su yo en los cuervos

(...una autopsia en la madrugada
Cuando revisamos las reventadas rosas de la noche).

6
En las ventanas muere ya la madrugada
El alba tiene pelos
¿Por què buscarte?
Para que encontrarte

Donde estas cuando estas.


Marcelo Bordese:(Còrdova, Argentina, 1962). Pintor Argentino, con una formación universitaria en Biología. A los veinte años se interna en un convento para abrazar la vida religiosa, sale del covento y regresa en 1990 como laico pero en la clausura. De formación autodidacta, comienza a exponer sus pinturas a partir de 1997. Ha participado en exposiciones colectivas en: Argentina, Francia, España, Chile, Brasil, Portugal, Polonia y Estados Unidos. Ha obtenido entre otros reconocimientos:
Primer Premio Adquisición de Pintura, Salón Nacional (2013); Tercer Premio Dibujo, Salón Nacional de Artes Visuales (2012); Segundo Premio Adquisición de Pintura, LV Salón de Artes Plásticas “Manuel Belgrano” (2011), entre otros. En 1999 la Fundación Antorchas le concede la Beca a la Creación y en 1997 obtiene la Beca del Fondo Nacional de las Artes.
Sus pinturas y dibujos forman parte de colecciones públicas y privadas de: Argentina, Alemania, Italia, Canadá, Chile, Venezuela, España, Brasil, Francia, Portugal,  EEUU, Croacia, y  Inglaterra.
Ha participado en diversas exposiciones internacionales de surrealismo organizadas por el Grupo Surrealista Derrame.   













miércoles, 4 de junio de 2014

MARIA MELECK VIVANCO



EL POSTUMO ROCIO

Corazón en la súplica Herida de palomas que no cierra
Vuelven los remolinos emboscado en largas mansiones conmovidas
Me apoyé en las estrellas
En la puesta de sol que llevaba consigo una begonia frágil
Con la mano en los labios, me mostraban las cuevas invisibles del río
La barandilla roja que detiene el conjuro Las campanas del agua que enmudecen el fuego

Hay alguien en el puente Circunstancias de amor en inquieto reposo del rosedal
de vida

La niña de la magia dormida en la lumbrera contrapuesta del cielo

Por el monte cerril, el póstumo rocío
Y en estas andaduras, mi corazón temblando.


LAS APARICIONES



Las estrellas guardan secretos de un deseo agujereado por la lluvia
Desde qué valle te contemplo, desde qué estación y otras voces calientes de intensa fuga, justo a la altura de mi alma

Hay ventanas y sitios luminosos que envidia el atardecer Sus delicados arpegios
horadando la totalidad de lo incorpóreo
Envolviendo en seda las mariposas verdes des-
prevenidas del verano

Hay un marcapasos de pulso de fiesta ausente en los graznidos de la noche
El último tren arracimado que se miró cara a cara con la desolación

Y existen también los albergues celestiales a partir de un rencor oculto, sabiamente marginado, sabiamente indeciso

El ombligo partido de la serenidad es como una hilera de gansos cegados por la luz de los ríos

Se me olvidó la vida
Se me olvidó la muerte

Me he quedado con las apariciones de mi corazón




JINETES INFINITOS


La urdimbre Los avisos, que son los mismos nombres
que reflejan los conjuros Las formas insensatas
del perfil amorosos Las flores, como arterias dormidas
en el furor del aire donde hay que estarse quietos,
crecidos en el vientre de respirar profundo

De nuevo las urdimbres con galgos de lavanda
y montes al ocaso

La boca del placer, intencional ardida
Los ojos del viajero perdidos en las nubes

Frágil algarabía con sus plumas doradas

Monigotes de sal arrojado a los mares de piedras vaporosas
y el topacio del diablo en tan hermosa axila

Los cuerpos transparentes en el otro espejismo
que la alabanza amaba Resplandor de la ausencia, violando
el sacrilegio de su verdad secreta
Licores dolorosos que fermenta
la noche Noches de rey Amantes
Jinetes infinitos.


María Meleck Vivanco: (Còrdoba Argentina, 1931).Poeta Argentina. Becada, representó a la poesía de su país en el “3er. Congreso Latinoamericano de Mujeres Escritoras”, en la Universidad de Ottawa (Canadá). Su obra literaria fué comunicada en dicho evento, 1978. Fué invitada al “Congreso Internacional del Surrealismo en el 3er. Milenio” Roma, (Italia) 1999. Parte de su obra ha sido traducida al Italiano y al Portugués. Autora de: “Taitacha Temblores” (poemas quechuas) Lima (Perú) 1956, “De Ausencias y Memorias”, Córdoba, 1966, “Hemisferio de la Rosa”, Buenos Aires, 1973,  “Rostros que nadie toca”, Buenos Aires, 1978, “Los Infiernos Solares”, Buenos Aires, 1988, “Balanza de Ceremonias”, Buenos Aires, 1992, “Canciones para Ruanda”, Buenos Aires, 1998. Ha recibido los sgtes premios: “Libro de Oro”, Lima, (Perú) 1956, 1º Premio “Oliverio Girondo” 1976, Prologado por Juan José Ceselli, su titulo: “Rostros que nadie toca”, 2º Premio “Municipal de la Ciudad de Buenos Aires”, 1978, 1º Premio “Fundación para la Poesía Argentina” (Colección de Poetas Contemporáneos), Buenos Aires, 1988, Premio “Edición” del Fondo Nacional de las Artes”, Buenos Aires, 1991, Nominación por Argentina en “UNICEF” de Nueva York (U.S.A.), inédito, 1996, Premio “Universidad de Letras” de La Habana (Cuba), 1997, Premio Fundación “Sociedad de Los Poetas Vivos”, Buenos Aires, 1998.






















martes, 3 de junio de 2014

ALEJANDRO ISLA ARAYA




PERPLEJIDAD

Los vi,
cuando miraba mis ojos
que se oscurecen                          
mientras pasa el día.
Iba la noche
Abrazada del viento.

De mi cara
salió
corriendo la risa.
Desesperada
se colgó
de mis ojos,

Lloró
gritando
defendió su estadía
Desconcertado
corrí
en busca de ellos.
Estaban danzando
alrededor de una tumba.



REGRESIÓN

Camino por mis cejas
bruscamente enceguecido.
Mis ojos
han huido tanto de la soledad
que el cansancio
se ha sentado
a dormir
en el fondo de mi garganta.

Mi voz enloquecida
se ha colgado
de mis entrañas,
obligándome
a escuchar a la sed
su oración mortuoria

La oscuridad
envuelve mi pensamiento
Araña mi lengua
mi espíritu.
mi alegría.

Espanta mi inquietud
cerca mi desesperación.
No quiero escuchar mis alaridos
Sera mejor
Que vuelque mi esperanza
Y regrese a mi regreso.



ESPERANZA PERDIDA

Fue en vano que mirara
al horizonte.
El día se llevaba la nostalgia ensombrecida,
la pestilencia
de un sueño enrarecido.
El error diáfano
de una locura sinuosa
mis ojos
tiritaron de fuego,
la escarcha
rodó
por mis mejillas
entumecidas
por la primavera polvorienta.
Pero esa tarde
arrugada por el tiempo,
fue inconmovible.
Cercenó con su espada
la aurora
del viaje inesperado.
Allí quedó
en el camino
junto a una cruz de viento.

Saltamos.
y nos embriagamos
con canciones solitarias.
Aramos y
sembramos la felicidad
llamamos al viento.
Con una ventisca
construyó
el puente
para que pasemos al olvido.

Fue en vano que mirara
al horizonte.
Estaba
donde tenia que estar.



Alejandro Isla Araya: (1930-2006). Poeta y ensayista chileno. Autor de: “Condena embrional”, (prólogo de Luis González Zenteno), Imprenta Escuela Nacional de Artes gráficas, Santiago de Chile, 1957, “Sólo dejen mi palabra”, (prólogo de Antonio Campaña e ilustraciones de Silvia Espinoza de Ramírez), Imprenta Arancibia Hmnos, Santiago de Chile, 1961, “La aldea secreta del viento”, (Prólogo de Carlos Rene Correa y Antonio Campaña), Ediciones del Grupo Fuego de la Poesía, Santiago de Chile, 1978, “Opresión del mundo en la poesía de Antonio Campaña”, (ensayo), Ed de la Frontera, Santiago de Chile, 1992. Su obra se encuentra publicada en diversas antologías chilenas.
















domingo, 18 de mayo de 2014

JORGE MUZAM



COCA COLA SPRING

Ignomur: ¿De donde vienes buen forastero?
Sutomo: No me acuerdo
Ignomur:¿Què haces?
Sutomo: Nada
Ignomur: ¿Por què?
Sutomo: No lo sè
Ignomur: ¿Deseas un trabajo?
Sutomo: Para què
Ignomur: ¿Deseas algo?
Sutomo: Desearia ser francotirador. Por el momento sòlo comer algo.
Ignomur: ¿Te gustan las mujeres?
Sutomo. Definitivamente no. Solo las deseo... a veces.
Ignomur: ¿Huyes de alguna?
Sutomo: Es posible.
Ignomur: ¿Què sucedio?
Sutomo: Era casada
Ignomur: ¿Por què no hiciste algo?
Sutomo: ¿Deberia'
Ignomur: Nada se pierde. Que tal violarla, olerle las axilas, morderle los glùteos, que se yo, no
soy un experto. He escuchado que en tales casos resulta efectivo martillarle el pene al marido.
Sutomo. Es probable que algùn dia haga eso, pero ahora no tiene tanta importancia.
Ignomur: ¿Es bella?
Sutomo: Lo suficiente para mi
Ignomur: ¿Què haràs mañana?
Sutomo: No lo sè
Ignomur: ¿Què hiciste ayer?
Sutomo: Nada
Ignomur: ¿Què esperas de la vida?
Sutomo: Muy poco
Ignomur: ¿Estàs triste?
Sutomo: Puede ser, diria que màs bien irritado.
Ignomur: ¿Irritado con quièn?
Sutomo: Con nadie particularmente. Quizas es sòlo el tiempo, hay demasiados nubarrones.
Ignomur: ¿Crees en algo?
Sutomo: Creo que no.
Ignomur: ¿Te gusta leer?
Sutomo: Ya no. Ocupè demasiado tiempo leyendo. Sòlo desearia terminar Lord Jim.
Ignomur: Es tarde forastero, hacia dònde iràs
Sutomo: No estoy seguro 

Jorge Muzam: (San Fabian de Alico,1972). Poeta Escritor y Articulista Chileno. Licenciado en Historia en la Universidad de Chile. Ha publicado ensayos históricos, artículos, cronicas relatos y poemas en diversas revistas  y periodicos chilenos y extranjeros. Tiene cuentos antologados en España y Argentina. Autor de tres novelas semiautobiográficas de circulación restringida: “Ameba”, “El Espermio Errante”y “El tufo de los peces muertos”, y de tres libros de relatos "La vida continua", "Intimas solemnidades", y "El insomnio de la carne" todas estas obras han sido editadas bajo el sello de Sara Bell, Ediciones. Se le ha descrito como un autor de pluma ácida, corrosiva, politizada y muy controversial. Hoy vive y alterna sus actividades académicas entre la ciudad-puerto de San Antonio y Santiago de Chile. Es columnista del The Huffington Post. (EEUU). Fue colaborador de la Revista Derrame. 



jueves, 15 de mayo de 2014

FRANCISCA OSSANDÒN




INQUIETANTE PACTO

Atrapado por lenguaje subterráneo,
Desdibujado ayer, ahora intenso,
Ese árbol me es afín.
Me bosqueja
Me proyecta.

En su memoria cuánto le roza
la corteza lo guarda en áspera
mudez.

Persigo su ritmo estático.
La otra dimensión.

Somos mezclas de savias distintas
Atados por magia vegetal.
El y yo peregrinos
plenos de luz secreta,
insensatos.

Un fuego avanza y viste de crepúsculos
su torre.
A su sombra mi follaje incesante.
Sus sueños y mis sueños
arborescentes ojos
en inquietante pacto.

Costra de mis labios
diálogo
sacramento oculto.
El y yo unidos
mas
desesperadamente ajenos.
Nunca sabre de los mundos que recrea
Al brotar incesante.

Entre sus ramas nidos insomnes
Allí el canto es movediza piel
ala silvestre.
Mi ramaje, espejo íntimo.

Siento mi nostalgia como un tacto
Palpo la suya en los verdes
más profundos.
Ahora sé
Mi tronco no lo hieren
pasados reflejos.
Lo escuda el brillo de una presencia
tierna.

Para el vértigo
la calma sellada del árbol vigilante.


ALÉGRASE LA MEMORIA

Alégrase la memoria
cuando ascienden sonidos silvestres
recorre piel y esencia
finamente
un licor inacabable
Partida en mil mitades la naranja.

Hallazgo efímero
Nos atraviesa y lleva
Desde donde somos
a otro orden
desconocido y veraz.
Destilan voces y extraños
Pensamientos.

Alégrase la memoria.
Aprisionado el instante
ya es sonrisa.
aura eternizada.
Enraizado en tibias rejas
que turban la razón
un talismán de piedra oscura
va por mi piel.


AMANECER EN NOCHE PODEROSA

Sombras inauditas
lleva cada hora en invisible fondo.
En despertar presente
alguien
es fecundado por alucinaciones.
Entonces rodean su garganta anillos
Y en los oídos
risas
pieles incandescentes
Testigos.
Sobre ramas atentas, audacias consumadas.
Pasos sin arraigo.
mi silencio a medias quebrado
por signos y sonidos.
Oh sangre del verano
que rebota y cimenta los huesos!

El aire inasible en el cuerpo
ronco
letal.

Comienza un descenso inacabable
en la misteriosa ciudad
que me va resbalando
hacia la nieve muerta.

Distraídos
los ciñe oxígenos de piedra.
Voces
Llaman al fuego errante.
La esperanza en holocausto
hacia arenas inmortales.
Mi esencia madura el vértigo.
Siempre ansia
eco.

Por siempre detenidos
absortos en su muerte
Sin voluntad

Petrificados creen
creen
y no aciertan a estar
seguros de si mismos.

Mañana alguien extenderá mis huellas
imantadas.

Entonces yo entraré
En un dia radiante dentro de la noche
poderosa.

Francisca Ossandón: (1926-1996). Poeta Chilena. Autora de: “Humo lento”, (prologo de Carlos Rene Correa), Ediciones Renovación, Santiago de Chile España, 1954, “La mano abierta al rayo”, Ediciones del Grupo fuego de la poesía, Santiago de Chile, 1957, “El don obscuro”, Ediciones Lírica hispánica, Caracas, Venezuela, 1960, “Tiempo de estar”, Imprenta Arancibia Hmnos, Santiago de Chile, 1963, “Tiempo y destiempo”, Ed Uguina, Madrid, España, 1964, “Diálogo Incesante”, (prologo de Humberto Diaz Casanueva), Fondo de Cultura Económica, México, 1971, “Desatadas olas de mi mar”, Ediciones del Grupo fuego de la poesía, Santiago de Chile, 1983, “Fuegos de la memoria (Prologo de Edmundo Herrera), Editorial Universitaria, Santiago de Chile, 1988 Su obra se encuentra publicada en diversas antologías chilenas.




















miércoles, 14 de mayo de 2014

JUAN CALZADILLA




ASILO EN OTRO CUERPO

Mi cuerpo es el lugar donde momentáneamente
he encontrado asilo. Lo que más temo en este nuevo
estado es que pueda ser víctima de una orden de
desocupación y que entonces no tenga yo
otro cuerpo a donde ir.

A menos que me asignen cupo en un galpón del cielo.


ASUNTOS DE ECONOMIA METAFISICA



Asuntos de economía metafísica

_¿Qué buscabas en los semblantes
perdidos entre los cuerpos de la multitud?

_A alguien que, porque nunca existió,
no ha desaparecido.
O a alguien que, porque no estaba desaparecido,
Nunca existió
O a nadie.


SOBRE EL DERECHO A ENLOQUECER


Decía Pessoa que enloquecer es un derecho natural.
Lo que no me parece natural es que el que enloquezca
por derecho propio no llegue a estar consciente
de su locura que pueda uso de tal derecho para
recobrar la razón.

Por eso, debemos estar siempre listos para enloquecer.
Eso garantiza que la locura no nos coja por sorpresa
ni se convierta en decepción para todos
los que esperaban de ti una cordura
larga y bien remunerada.
Y a tiempo completo.




Juan Calzadilla: (Altagracia de Orituco, Venezuela, 1931). Poeta, Pintor y Critico de arte.
Estudió en la Universidad Central de Venezuela y en el Instituto Pedagògico Nacional.
Es cofundador junto a Damaso Ogaz del grupo "El techo de la ballena" (1961) y de la revista Imagen. (l984). Ganador del Premio Nacional de Cultura de Venezuela 1996 Mención Artes plásticas. 
Irrumpe en el espacio literario venezolano a mediados de la dècada de los cincuenta con Primeros poemas (1954), alcanzando con Noticias del alud (2009) -su última publicación- veinticinco poemarios. Integrante de El techo de la Ballena, Calzadilla realizó junto a importantes figuras de las letras y del arte en Venezuela (Adriano González León, Salvador Garmendia, Jacobo Borges, Caupolicán Ovalles, entre otros) una labor que unía al mismo tiempo una iniciativa para impulsar visiones vanguardistas, enfocadas en el surrealismo, con una militancia activa y contestataria, producto de la efervescencia política y social de entonces.
Autor de: "Primeros poemas", (1954), "Los herbarios rojos" (1958), "Dictado por la jauría" (1962), "Malos modales", (1965) "Ciudadano sin fin", (1969) "Oh smog", (1978), "El ojo que pasa", (1979) "Agendario", (1988), "Antología paralela", (1988) "Minimales", (1993) "Principios de Urbanidad" (1997), "Corpolario", (1998), "Diario sin sujeto", (1999) "Aforemas", (2004), "Libro de las poéticas" (2006), "Vela de armas" (2008), "Noticias del alud" (2009).
En 1997 recibio el Premio Nacional de Artes Plasticas de Venezuela.